Este post não traduz uma simples passagem por um lugar, nem é um mero álbum de fotografias e de boas lembranças.A razão de colocarmos aqui estas fotografias é a mesma que nos levou a visitar este antigo campo de concentração e também a razão que o mantém aberto ao público, passados tantos anos e sofrimento.
A vida humana não é só uma designação para o corpo, nem para a mente e as suas faculdades. Andar, correr, pensar, sonhar, ler e escrever são parte do que é uma vida humana mas não a formam na totalidade.
Há muito mais para além de todos os princípios básicos do ser humano que fazem com que exista uma vida.
A individualidade, a capacidade de viver em grupo, de criar, de sentir e de dar a sentir começam por completar o ser, dando-lhe vida, como se fossem um sopro para o interior deste mero corpo.
O que se passou em Auschwitz e também por toda a Polónia e restante Europa, durante a segunda guerra mundial, foi um processo continuo e exponencial de eliminação do ser e da vida humana em simultâneo.
O silêncio é quem mais fala dentro dos limites do campo...Tudo dentro do campo emana dor, sofrimento, tristeza e morto, sobretudo quando pensamos nas paisagens e no verde sem fim no exterior.
Silêncio foi o que imperou em cada um de nós ao fim de 2 ou 3 pavilhões...não há palavras, não há muita coisa que se possa dizer nem pensar.
Espero que estas fotografias e este post não sirvam para impressionar ninguém, mas para fazer com que cada um olhe para si e à sua volta e perceba que a palavra problema e a palavra sofrimento tomam significados diferentes ao longo do tempo e ao longo das circunstâncias.
Espero que fiquem a olhar para a vida humana com outros olhos, olhos de respeito, olhos de compreensão, olhos de amor. Não o digo no sentido num sentido exacerbado, não o digo com um toque de drama e tragédia. Apenas digo que em cada corpo há uma vida, seja ele qual for o corpo, e uma vida merece dignidade, entrega, afecto e respeito.
Espero que descansem em paz todos os que partiram e espero sobretudo que os que ainda vão ao campo chorar os seus familiares, consigam encontrar a sua paz também.
O ódio e a ignorância são ventos que hão-de soprar sempre...cada um escolhe a que ventos deve abrir a porta.
«Quando, em ironia, o regime Nazi colocou sobre o portão do campo a inscrição "Arbeit macht frei" (o trabalho liberta) mostraram ao mundo que nunca souberam onde nasce a verdadeira liberdade, essa que corre na imaginação de poetas e pintores, em tinta e palavras, essa que nasce com cada um e cresce quando o ser se une ao ser e a vida se une à vida.»